1 de nov. de 2008

A REFORMA PROTESTANTE APÓS QUASE 500 ANOS


I - INTRUDUÇÃO

Certamente há uma pergunta que se deve fazer ao voltar os olhos para movimentos tão remotos, mesmo que sobre a sua necessidade. Por que voltar a considerar o que ocorreu há tanto tempo?

Podemos receber algumas respostas que nos inibam no mister de considerar o movimento que ocorreu no início do Século XVII. A primeira é que com as novidades das épocas modernas, o passado não tem mesmo muito o que nos ensinar, afinal de contas estamos no Século XXI, e aprender com o passado não faz a gente olhar para o futuro, para as descobertas tecnológicas nas áreas mais diversas: ciência, cultura, medicina... Há uma frase de Cazuza que sempre me lembro quando reflito sobre a distinção entre o passado e o presente: “Eu vejo o futuro repetir passado, vejo um museu de grandes novidades”. E não é isso assustador? Automóveis ultra-modernos 10 anos atrás não passam de sucata ou antiguidade nos dias de hoje. Vemos um celular elite com vibracall sendo chamado de dinossauro e extraindo boas gargalhadas dos adolescentes que exibem as suas máquinas tão modernas quanto antigas serão daqui há poucos dias. Essa realidade é um obstáculo quando estamos tentando voltar atrás e aprender com a história.

Uma outra resposta negativa que podemos ouvir a voltar os olhos a Reforma Protestante, é o conceito que ela não atingiu os seus objetivos enquanto movimento, se, na verdade, frente aos muitos avanços tecnológicos voltar à Reforma nos torna bonecos de um passado sem muita graça, esse próximo argumento nos faz sentir pessoas separatistas, pois nos dias atuais a luta é pela unidade, e, se considerarmos, segundo esse pensamento, voltar os olhos a Reforma estaremos no sassemelhando a radicais inconsequentes, e, em última análise, até mesmo cometendo torpeza e pecado contra a unidade que deve ser louvada entre todos os povos. Esse é, sem dúvida, o pensaemnto pós-moderno.

Essas objeções acima vão exatamente de encontro ao meu intúito em balbuciar as palavras que estou iniciando, mas certamente nos abre os olhos para entendermos que há possibilidades de errarmos ao voltar os olhos ao passado, mas quero aqui argumentar, que muito podemos usufruir de um mergulho em um movimento histórico que dividiu o mundo de uma forma muito clara e objetiva. Veja, não vamos estudar a Reforma com o pensameto que o bom é o velho, não estamos aqui como os colecionadores de antiguidade, buscando a perfeição no que passou, mas uma cadeira antiga ainda pode ser um excelente objeto para se sentar. Certamente há cadeiras na história passada que podem ser muito mais úteis que as cadeiras plásticas que se quebram com tanta facilidade, não obstante toda a tecnologia envolvida para produzi-la.

Podemos mesmo errar em voltar aos olhos ao passado, por exemplo, se o fizermos como fizeram os fariseus que viveram na época de Jesus Cristo, pois foram do próprio Senhor essas palavras terríveis: (Mateus 23:29-32).

Essas palavras são do próprio Jesus e ele estava se dirigindo a sua geração, ele disse: vocês fazem muita festa celebrando os seus profetas, vocês até cuidam dos seus túmulos e adornam dizendo como eles eram grandes, e culpam até os seus antepassados por os haverem matado e perseguido. Vocês dizem inclusive que se vocês vibessem naquela época não permitiriam que isso acontecesse, pois teriam dado ouvidos a suas pregações, mas, diz o Senhor: vocês não teriam feito nada disso. Vocês são é hipócritas. E em que o Senhor se baseia pra dizer isso? Em como aqueles mesmos discursadores estavam tratando naquele tempo os sucessores dos profetas e, especialmente, a Ele mesmo, a quem todos os profetas já haviam predito.

Estarmos aqui cultuando em memória a Reforma Protestante, pode também ser pura hipocrisia, se não estivermos honrando a homens que hoje pregam como pregaram Lutero, Calvino, John Knox e os outros tantos reformadores. Como temos tratado as pessoas que propagam as suas doutrinas? Assim, ao tempo de hoje, uma reflexão sobre a Reforma pode ser de muita valia mesmo, mas não sem antes cada um fazer um auto-exame. Como crentes hoje tributamos grande valor a esses profetas de Deus, mas precisamos avaliar se não fazemos isso por mera hipocrisia.

Há muita justificativa válida para analizarmos a Reforma Protestante, mas uma chega ao ponto de ser universal. Não estaríamos na situação do mundo hoje, se não houvesse acontecido a Reforma. A Europa é conhecida hoje por ser um povo polido, educado, amante das artes, da cultura, da educação (um pouco disso já tem se perdido, mas quando se fala em cultura, os olhos se voltam ao continente europeu), mas precisamos admitir que essa cultura e educação do povo europeu não é meramente uma questão genética, pois estudar a idade média na Europa é aprender sobre a época das trevas, das grandes pestes, da imensa ignorância em todos os ramos do conhecimento, especialmente da religião, onde a Igreja sufocava o conhecimento e lucrava com a ignorância das pessoas. Essa realidade mudou pela via da Reforma. Antes da Reforma a Europa era impestada por vícios, imoralidade, atrasos socio-polico-economico-religiosos e muita ignorância, e isso mudou com o pensamento econômico e social de homens como Calvino e Zwinglio, cujos pensamentos se transformaram na base da boa democracia vivenciada em alguns lugares do mundo depois da Reforma.

Hoje, o mundo está voltando a Idade Média sob o ponto de vista moral. Problemas sociais (vejam as favelas no nosso país), a crise de segurança, os vícios (drogas, álcool, tabaco, computador, pornografia), os crimes. Tudo acontece hoje em dia com a mesma cegueira e naturalidade como ocorria antes da Reforma. Mas, pasmem! Não se trata apenas de problemas na sociedade. Vamos falar da nossa própria casa. Como está o estado da Igreja nos dias de hoje? Quantos escândalos, quanta imaturidade espiritual, quanta teologia rasa, baixa, barata, reducionista... Certamente estamos voltando na própria Igreja a confusão existente antes da Reforma. Será que alguém em sã consciência pode achar qua não há desunião doutrinária, não há pluralismo religioso no meio da Igreja, não há diversidade de pensamento? Estamos vivendo na mesmo indiferença e busca por coceiras nos ouvidos que viveram Lutero e seus contemporâneos, as pessoas não demosntram interesse pela doutrina, mas continuam a seguir seus mestres e seus pensamentos, estabelecento seus próprios conceitos sobre Deus assim como lhe apraz.

Voltemos os nossos olhos para a perseguição contra os bodes sofridas ainda no Século passado. Será que acabou a nossa diferença? Estamos tão próximos da Idade Média quanto poderíamos estar: As indulgências são vendidas hoje na televisão como algo barato, as custas damesma ignorância que assolava a Europa pré-Reforma, as pessoas estão indo atrás de um Deus que se troca pelo mísero e suado dinheirinho que poderia colocar um prato de feijão na mesa do ‘fiel’. Esses falsos profetas precisam ser denunciados, nem que alguns de nós precisemos ir à fogueira para isso. Valeu à pena o esforço de John Wycllyf, quando a história nos mostrou no Século seguinte, como o seu sangue regara o solo europeu naquela época despertada para uma nova realidade.

Anelisemos. É de fácil observação ver a época anterior a Reforma invadindo a Igreja: Vejamos as cerimônias e rituais, o pregação cada vez menos e mais rasa das Escrituras, a indiferença com a sã doutrina... pergunto se não estamos novamente necessitados em nos engajar com o intuito de salvar a Igreja. De Lutarmos juntos pela fé evangélica. (Judas) Estamos lutando por reconquistar aquilo que conquistamos há 500 anos e estamos gradativamente perdendo nos dias de hoje.

Alguns podem ainda alegar que tentar reaver a Reforma é dar murro em ponta de faca, não tem mais jeito; podem pensar que a sociedade já avançou demais e, por isso, falar como eles que não se pode uma mulher assumir a liderança de uma Igreja ou pregar contra o homossexualismo, viraram coisas politicamente incorretas e que a Igreja então precisa se adequar à realidade de um novo tempo. Pois é isso que vêm sendo feito nas Igrejas em todo mundo, e essa acomodação, seja por preguiça, por medo, por temor de homens, por pragmatismo está afastando cada vez mais a Igreja do ideal de sal e luz que foi colocada no mundo para fazer, e, ainda pior, está levando milhares de ‘crentes’ para o inferno, pois enganados estão hoje dizendo Senhor, Senhor, mas receberão naquele dia a dura palavra de Jesus: Afastai-vos de mim, vós os que praticais a iniquidade.

Queridos, dá pra perceber a urgência de uma reflexão sobre a Reforma nos nossos dias? Certamente estava na mente do iluminismo o ad fontes – volta às fontes. Nesse espírito, aprendemos na Reforma que precisamos mesmo olhar pra trás. Não apenas 500 anos, mas voltar às origens do que nos foi deixado pelos Profetas e Apóstolos do Senhor. E foi exatamente isso que os reformadores fizeram. Voltaram os olhos aos ideáis de Igreja segundo as páginas do Novo Testamento, e por isso eles poderam fazer tanta diferença na época em que Deus os colocou no mundo.

Agora estamos nós no mesmo mundo, sendo guiados pelo mesmo Deus, e resta a nós enxergar nos exemplos daqueles homens, onde eles extraíram toda a força, inteligência, coragem e amor que os levaram a transtormar o mundo 1500 anos depois dos discípulos do Senhor.

II – A REFORMA EM SI. O QUE FOI ESSE MOVIMENTO?

A primeira coisa que cada pessoa precisa admitir é que foi um movimento histórico fenomenal e um dos mais extraordinários que já ocorreram. A própria história mundial, já vista anteriormente, tem os seus desvios naturais a partir da Reforma do Século XVII. Como exemplo, os Estados Unidos foram concebidos segundo os ideais puritanos (reformados) e essa nava consepção de mundo, governo, política, redescoberta por força de estudos das Escrituras, impulsionaral aquelas famílias a atravessar o Atlântico e a viverem as idéias de liberdade religiosa, mas também, democrática e pensamento social – não socialista. Evidentemente com o tempo esse ideal foi se corrompendo, mas deixou a sua marca de possibilidade na história.

No campo da Igreja se fala muito na acomodação dos reformados no que tange a evangelização e propagação do evangelho. Nada mais longe de uma idéia erroneamente proliferada. Foi em 1555 que chegaram ao Brasil os primeiros missionários. Huguenotes franceses mandados por Calvino, eles foram espalhados por todo mundo frente a perseguição e massacre que sofreram na Noite de São Bartolomeu quando foram praticamente dizimados pela Igreja de Roma, mas Deus cumpriu o seu propósito de, por meio deles, levar o evangelho a muitos lugares. No Brasil aqueles seis homens seriam obrigados e escrever a Confissão de Fé do Rio e depois (à excessão de 1) foram empurrados na Baía da Guanabara por confessarem a sua féna Escritura Sagrada.

Calvino não foi o único. Todos os reformadores tinham a ardência pelas almas perdidas nos seus corações. A grande comissão os moveram a, voltando os olhos para a Bíblia, deflagrar a Reforma. Depois deles, os seus seguidores mais apaixonados foram também grandes evangelista. Quem pode negar a piedade reformada e paixão pela pregação da Palavra em batistas como Jonathan Edwards e Charles Spurgeon? Hoje, o que precisamos é nos livrar da dicotomia Reforma – evangelização. A verdade é que a receita certa é que elas sempre andaram juntas.

Mas há ainda um outro detalhe que não pode ser esquecido (e como o D. M. Lloyd-Jones aqui precisamos saber o que não dizer, pois os avanços da Reforma foram inúmeros), que é a vida piedosa. A mudança de caráter e de vida dos Reformadores e das nações que se seguiram da Reforma.

Há um erro que precisa ser desfeito nos dias de hoje. Fala-se muito em ética cristã, mas se tenta alcança-la sem a piedade cristã que certamente a derivaria. A nossa doutrina é o que certamente nos levará a ser quem somos na prática. Em outras palavras, se você conhece e ama a doutrina correta e piedosamente passa a viver de acordo com o que você acredita, a justiça cristã certamente lhe seguirá. A história tem mostrado que essa tentativa está matando a Igreja cristã. A piedade e a doutrina vêm primeiro, depois a prática, a justiça, a ética. Uma depende e decorre da outra, tentar passar para a segunda sem a primeira, é estabelecer a nossa própria doutrina e conceito de justiça, i.e, pecado diante de Deus.

Como movimento (não simplesmente reliososo) a Reforma se fez testemunhar em várias localidades da Europa e coube a cada uma dessas partes, segundo Deus lhes concedia, o seu papel e importância na história. E a primeira coisa que pode chamar a nossa atenção são os homens que fizeram parte dessa história. É interessante a maneira que Lloyd-Jones fala acerca disso:

“Eu sou um admirador de heróis! Pensem o que quiserem de mim, eu gosto de ver um grande homem e de ler sobre ele. Numa época de pigmeus como esta, é bom ler sobre grandes homens! Nós somos parecidos, mas ali havia grandes gigantes na terra, homens capazes, de um intelecto gigantesco, de alto nível nos domínios da mente e da razão. Depois olhem seu zelo, sua coragem. Francamente sou admirador de homens que podem fazer uma rainha tremer!”

Certamente os homens da Reforma podem ser comparados com os grandes heróis da fé em Hebreus 11, e não é sem honra que eles de fato calaram tribunais, pararam armadas, foram injustamente perseguidos, mortos, torturados, pois eram homens dos quais o mundo não era digno (Hebreus 11:38 e contexto).

III – OS LEMAS DA REFORMA

Esses homens, levados por convicções firmes nos legaram alguns lemas que se não são, deveriam ser amados e estudados pela Igreja do Senhor: Sola Scriptura, Solus Christus, Sola Fide, Sola Gratia e Soli Deo Gloria (Somente a Escritura, Somente Cristo, Somente a Fé, Somente a Graça e Somente a Deus seja a Glória).

A autoridade da Escritura foi um ponto crucial na Reforma. Lutero foi cumlungido a negar os seus escritos na Dieta (Tribunal) de Worms sob pena de anátena e fogueira frente a todos os malévolos da diabólica Inquisição, mas ele recorreu às escrituras para dizer que apenas à Palavra de Deus a sua cosnciência estava submissa. Foi ele mesmo quem disse que ao som das Escrituras, todos precisam ceder.

Lembrem que o povo era mantido em completa ignorância. A tentativa de Jerônimo com a Vulgata (versão latina da Bíblia) em colocar a Bíblia na linguagem do povo, morreu com a própria lingua e o Latin virou lingua sacra que só os cléricos sabiam e tinham a capacidade de interpretar. A Bíblia ficou duplamente inascessível, primeiro pela ignorância de suas próprias e depois que, mesmo que lessem em inglês, francês ou alemão, não havia Escritura traduzida para seus próprios idiomas.

A necessidade da Palavra de Deus para as pessoas era tão grande que os reformadores não apenas ensinaram o povo a ler e escrever, mas cada um traduziu a ecritura para sua própria lingua: Lutero para o alemão, Calvino para o francês, etc.

Eles então passaram a se apoiar na autoridade da Escritura para defender as suas convicções e não mais na filosofia, na tradição e no pragmatismo. Nós precisamos fazer o mesmo nos nossos dias. Vejam a importância de olhar para o passado. Alguém pode duvidar que a Igreja hoje precisa retornar à Palavra de Deus? Ou vamos em frente achando que a nossa concepção ou aquilo que pensamos, dissociado da Bíblia, é o que deve ser tido por correto?

A Bíblia, segundo os reformadores, não era um livro pra ser julgado, mas pregado. Não é uma verdade, mas a verdade única e absoluta. Perfeita e inerrante. Nossa única regra de fé e prática, segundo a Confissão de Fé de Westminster. Queridos, não adianta dizer amém a essa verdade se ela não for vivida às últimas consequências pela Igreja. Ela, a Bíblia, é a Palavra final, e ela tem que estar acima das nossas próprias capacidades caídas de pensamento. Estamos prontos a viver assim?

Pastores, estamos prontos a admitir que a nossa autoridade é zero fora da autoridade da Escritura? É muito fácil se colocar à frente de um povo crédulo e que baixa a cabeça para tudo o que se diz, mas precisamos ensinar ao povo que mesmo nós, se pregarmos um evangelho diferente da Escritura, seja anátema (Gálatas 1:8), mesmo que seja um anjo do céu, ele não tem autoridade que vá além da Bíblia. Que solo seguro e firme nós temos para andar!

Esse livro vai nos levar a outras doutrinas e aos outros lemas da Reforma. Na Palavra encontramos e vemos a vida diferenciada dos reformadores frente a doutrina da Soberania de Deus.

Essa doutrina os ensinou a não olharem e tratarem dos seus problemas de maneira subjetiva como é natural que façamos. A procupação nossa muitas vezes pode ser em como conseguir alguma ajuda, uma cura, como ter paz ou felicidade... mas com os Reformadores e frente a doutrina da Soberania nós aprendemos é como podemos ser justos aos olhos de Deus. Que isso me custe a paz, a felicidade, a família, os bens, os prazeres ou a própria vida... ele é o nosso CASTELO FORTE. Eles se inclinavam diante de Deus e sabiam que Ele é soberano. Ele governa, controla, domina todas as coisas, pois Ele criou tudo e tudo diante dele é como um pingo, como algo que não é nada, como menos que nada (Isaías 40).

Esse Deus soberano se apresenta a nós na pessoa de Seu Filho. Por isso o segundo lema da Reforma era Solus Christus. Nele, sabia-se que a obra estava consumada. Deixaram de lado as lamúrias e ladainhas repetitivas de missas que refaziam o seu sacricício, pois entenderam pela Palavra que o sacrifícia havia sido perfeiro, de uma vez por todas e que não poderia jamais ser repetido.

Eles não olhavam para cruz e choravam, mas viram naquela rude cruz, levando os nossos pecados e as nossas dores, recebendo o castigo que nos trás a paz (Isaías 53). Os reformadores olharam para Cristo como um sbstituto para nós. Ele recebai as nossas dores e nos legava a Sua justiça.

Queridos precisamos amar a cruz de Cristo, a sua obra encerrada em nosso lugar, precisams prega-la com ousadia e destemor essa história que para uns pode ser loucura e escândalo, mas para nós que cremos, é o poder e a sabedoria de Deus.

Com base nessa obra perfeita e imutável de Jesus, os reformadores encontraram Efésios 2:8:9 de onde derivam outros dois lemas: Sola Fide e Sola Gratia. Somos salvos pela graça de Deus (somente) e por meio da fé (somente).

É muito comum ‘justificarmos’ pessoas e atitudes com base em seus comportamentos. – ah, é uma pessoa muito boa, Deus vai se agradar dela. Esse tipod e pensamento não crê na justificação pela fé, mas alia, ou mais, discorre que é pelas obras dos homens que eles são salvos. Mas o texto diz com muita clareza: Não é pelas obras para que ninguém se glorie. É interessante que essa doutrina nos coloca no nosso lugar de criatura caída em pecados, sem justiça própria e sem possibilidade de dar um só passo em relação a Deus. Por isso ela nos chama a atenção ao último lema: Soli Deo Gloria. Não há como usurparmos a glória que é de Deus. Apenas Ele é o merecedor de todo louvor e glória, pois toda a obra de redenção é dele e não de nós!

Uma outra doutrina que ficou muito clara na mente dos reformadores, é a da certeza da salvação e da segurança dos salvos. Evidentemente essa doutrina trás muita segurança e tranquilidade a vida do crente, pois ele, sabendo que não foi ele que conquistou a sua salvação, também sabe em quem tem crido e está certo que Ele é poderoso para guardar o seu tesouro até aquele dia.

Os reformadores protestaram contra o dogma que ninguém pode saber se vai ou não para o céu, como era (e ainda é) pregado pela Igreja de Roma, mas não se pode negar qua a Bíblia não deixa dúvidas que os homens de Deus conheciam e criam na salvação de suas almas, afinal de contas, a fé é a certeza de coisas que se esperam e a convicção de fatos que não se vêem (Hebreus 11:1).

Irmãos, devemos obsevar que quando a Igreja é espiritual, vigorosa, forte, possuidora de autoridade bíblica, os seus pregadores sempre são homens que falam baseados numa plena segurança e certeza de fé, como fazia o Apóstolo Paulo chegar a afirmar que NADA pode nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Romanos 8).

Baseados nessa certeza, esses homens foram seguindo os passos do Seu Mestre, e, como ovelhas mudas diante dos tosqueadores, foram queimados tantos em praça pública, imitando mesmo a fé de Estêvão, que ao ser apedrejado, tinha o sorriso no rosto pela expectativa maravilhosa da presença de Jesus em apenas alguns minutos. O fogo, as pedras, as dificuldades, apenas temperavam o momento mais glorioso da vida do Cristão, i.e, a própria morte. Para eles, o viver era Cristo e o morrer era lucro! Eles se alegravam, na certeza e na segurança que possuiam da sua salvação.

Muitas foram as doutrinas resgatadas das páginas da Escritura pela Reforma Protestante, na simplicidade do culto, Deus recebia a glória, e não os homens ou os ornamentos, as marcas da Igreja verdadeira era a pregação fiel da Palavra, a correta administração dos sacramentos (batismo e ceia) e a correta aplicação da disciplina eclesiástica. Uma igreja pura, sem firulas, apenas buscando na Escritura motivos e formas de se cultuar a Deus de maneira que Ele receba o culto satisfeito e não cheio de invensões humanas e/ou sugestões de Satanás.

Uma Igreja com essas marcas não é lugar para os titubeantes, para os que amam o mundo e as suas paixões, nem para aqueles que buscam na sua própria maneira de pensar a forma correta de agradar a Deus, mas no próprio Deus.

Outra marca fantástica nas vidas daqueles homens, certamente era a vida de oração que eles levavam. É uma falácia se dizer que oração é coisa de pentecostal. Não! Oração é coisa de reformado, de gente comprometida com Deus e que entende as suas limitações.

Lloyd-Jones pergunta: acaso Maria, Rainha da Escócia, não temis as orações de John Knox mais do que os soldados ingleses? Certamente os reformadores foram decisivos no resgate da religião de Cristo, pela sua peidade e despreendimento na oração. Eles sabiam que possuiam as doutrinas corretas, ortodoxas, mas nada poderiam fazer sem uma vida de oração.

Aprendamos com os reformadores as suas doutrinas, certamente, mas também o fato de serem eles homens como nós, eram homens de oração, homens que viviam na presença de Deuse que sabiam que sem Ele nada poderiam fazer. Eles possuiam um senso de incapacidade que nos deve humilhar na presença de Deus.

E, finalmente, a pregação da Palavra era algo muito preciosos aos olhos dos reformadores. Eles leram que a pregação é a loucura de Deus para salvar os perdidos e para edificar a Igreja, e eles viveram por essa convicção. Eles trouxeram novamente a pregação para o centro do culto (extraindo as cerimônias e rituais).

Muito se confunde pregação com discurso. Qualquer pessoa pode ler um texto da Bíblia fazer uma divisão inteligente e falar por 45 minutos, mas não é isso que caracteriza a pregação reformada. O ingrediente que faz da pregação uma pregação verdadeira é a verdade aliada ao poder do Espírito. O pregador tem a certeza inequívoca daquilo que prega, sabe que aquelas palavras são as mais importantes já ouvidas por aqueles que o escutam. Será que nós temos essa paixão e esse zelo todas as vezes que subimos ao púlpito para trazer a Palavra de Deus? Será que nos comove a urgência dessa mensagem para almas pecadoras? Pois essa certeza e poder é como se caracterizavam as pregações dos reformadores protestantes.

Não adiantava simplesmente ser muito bem feita, bem arquitetada, argumentada, cheia de conexões lógicas. Não adiantava ser pregada por um grande orador que poderia comover as pessoas com base na sua própria persuasão. Não! Lloyd-Jones lembra que aqueles homens não escreviam seus sermões com o olho na publicação em livros, mas pregavam aos seus ouvintes que estavam diante deles , e pregavam desejosos e ansiosos em transformar pessoas. Era com autoridade. Era proclamação e não declaração.

Amados com base no que vimos não podemos estranhar a fraqueza e a inoperância da Igreja de Cristo nos dias de hoje. Nós esquecemos a pregação da Palavra. Onde fica a ânsia de correr para a Igreja e ouvir a voz de Deus para mudar as nossas vidas? Hoje vimos aos cultos e queremos cronometrar – principalmente a parte da pregação: ai se o pregador de exceder no seu tempo!

Há histórias que alguns reformadores pregaram por mais de duas horas e quando se dava conta pedia perdão aos ouvintes e que iria parar, e eles gritavam dos seus bancos: pelo amor de Deus continue! Queridos quanta distância dos nossos dias! Onde está a nossa sede emouvir a Palavra de Deus?

Muitas das pregações de hoje em dia são simplesmente politicamente corretas. Não se chama o pecador ao arrependimento, não se confronta o pecado, não se fala das dificuldades de se viver como cristão autêntico no meio de uma geração corrupta. Não, em lugar disso nos esforçamos para não sermos grosseiros, para agradar a pessoas, para mostrar que temos diálogo, que somos bonzinhos. Isso é falta de amor pelos perdidos, pois eles estão sendo ludibriados pelo falso evangelho que tem saído dos nossos púlpitos.

Queridos vejam as pregações dos profetas. Onde eles se procupavão em agradar ao povo? Amós, Jeremias, que pregações duras e politicamente incorretas nos nossos dias. Vejam os escritos de Paulo. Gálatas insensatos, quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Cristo exposto como crucificado? (Gálatas). Analizemos os discursos de Pedro em Atos, como ele colocava o dedo nas feridas e mostrava o pecado das pessoas. Finalmente, busquem os discursos de Jesus. Onde se encontra o Jesus bonachão e quase abestalhado qua pintamos hoje em dia? Não, ele enfrentava o pecado, chamava os fariseus de hipócritas, raça de víboras, sepulcros caiados. Creio que Jesus seria tão mal recebido na Igreja de hoje como foi pelo povo de Israel há 2000 anos atrás.

Precisamos pregar profeticamente, precisamos dizer ao povo que não há lugar para boa nova, sem arrependimento e mudança de caráter e de vida. Estamos prontos para sofrer as oposições em detrimento da Pregação verdadeira? Afinal de contas é impossível viver piedosamente e não sofrer perseguição. E por que será que estamos em tanta paz? É por que estamos calados frente aos abusos da nossa sociedade. Queremos ser politicamente corretos, nem que isso exponha o evangelho ao desprezo e a ignomínia. Tenhamos o mesmo sentimento de Jesus, que suportou a cruz, não fazendo caso dessa ignomía.

E vejam queridos, o nosso medo em não pregar dessa maneira é o de espantar as pessoas, queremos ser legais, ser da galera, mas vejam também o exemplo de João Batista, um cara totalmente lunático que se vestia de peles e comia gafanhotos, a palavra esquisito serviria muito bem para descreve-lo, mas as pessoas iam ouvi-lo, e quando o ouviam, eram convencidas do pecado pelo poder do Espírito Santo. Pois assim eram os reformadores, tinham o fogo de Deus nas veias e pregavam pelo poder do Espírito sermões alarmantes, escandalosos, duros, que levavam os ouvintes à convicção de pecado, e, pasmem, a Europa foi transformada pela força dessa pregação. É assim que devemos pregar se quisermos transformar o nosso Brasil. Sem mercadejar a palavra, mas falando de todo o conselho de Deus.

Certamente esses homens tinham algum segredo que anda não falamos aqui. E o fato é exatamente o reconhecimento que não eram eles os protagonistas da Reforma. Era o próprio Deus. Deus soberanamente, levantou-os na sua época e local. Calvino, Lutero, Zwinglio, Knox e os demais, cada um, soberanamente, sendo preparado por Deus para fazer valer os ideais bíblico-reformados no Século XVII. O caminho já estava sendo preparado por Deus. Hus, Wyclif e outros se somam a milhares de homens e mulheres que deram as suas vidas por essa causa, pela causa de Cristo.

IV – APLICAÇÕES E CONCLUSÃO

Queridos o que vemos na Igreja e na sociedade hoje em dia é um esfacelamento moral assolador. O casamento como instituição está virando chacota, a vida em família está cada vez menos intensa e piedosa.

Crianças crescem sem o acompanhamento de pais que – no afã da modernidade – mais trabalham fora de casa do que se dedicam aos seus filhos, se tornam desobedientes e depois apenas se tenta aparar as arestas com a besteira de dizer que ‘adolescente é assim mesmo’.

Será que nada pode ser feito? A Reforma Protestante deflagrata em 31 de outubro de 1517 nos aponta para uma solução. A nossa situação é tão ruim como a Esuropa do Século XVI, mas como Deus levantou aqueles homens, Ele pode levantar-nos se estivermos dispostos a viver da maneira que eles viveram. Crer na Escritura e ser submissos a ela, viver a vida cristã sem temer. O que me pode fazer o homem? Se Deus é por nós, dizia Paulo, quem será contra nós?

Então a nossa solução passa longe, meus amados, de Lutero, de Calvino ou de quem quer que seja, por isso a nossa pergunta deve ser: onde está o Deus de Lutero? Assim como fez Eliseu em II Reis 2:14: Onde está o Deus de Elias? Nós podemos perguntar: Cadê o Deus de John Knox? O Próprio Moisés pediu para ver a Glória de Deus. Quem sabe seja essa a hora que bradarmos com ele: Mostra-me a Tua glória (Exodo 32).

Termino com um texto do Escritor aos Hebreus 4:14-16. Como podemos achar esse Deus? Eis aqui a resposta:

14 Conservemos firmes a nossa confissão. 15 porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, antes, foi Ele em tudo tentado à nossa semelhança, mas sem pecado. 16 Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.

Onde podemos encontrar o Deus de Elias, de Moisés, dos reformadores? Retornando ao primeiro amor; ao amor pelas Escrituras, retornar à fé que foi entregue aos santos, crer na Bíblia completamente e, com ousadia, vivermos de modo digno desse evangelho.

Estamos vivendo em época de crise, de pecado, de maldade. Queridos a única solução para as nossas vidas é encontrar esse Deus e ao Seu Filho, que à destra do Pai, intercede por nós. Ele mesmo que esteve entre nós e sabe o que é sofrer, e por isso se compadece de nós. Ele viu o pecado e levou sobre si, na cruz. Ele que era amigo de pecadores e lhes pregava a salvação. Por isso foi odiado pelos religiosos e autoridades ao ponto de o terem levado à maldição da cruz. O mundo estava contra Jesus, mas Ele foi vitorioso contra o mudo. Então a situação pode ser impossível para nós enfrentarmos sozinhos, mas podemos ter bom ânimo nas aflições, pois Ele venceu o mundo.

Mantenham firme a confissão, creiam em Cristo não de forma subjetiva e fraca, e certamente obteremos a misericórdia e graça para socorro em tempo oportuno. Essa é a necessidade da nossa Igreja, da nossa geração.

O Deus dos Reformadores é o mesmo ontem, hoje e eternamente, a Ele, toda Glória pelos séculos dos séculos!

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