1 de nov. de 2008

Em Que Nós Cremos?

Desde muito cedo, a cristandade sentiu necessidade de declarar a sua fé, e com o passar dos anos essa necessidade têm aumentado com o conseqüente aumento da complexidade e engenhosidade da mente humana. Ou seja, o que já foi uma declaração de fé suficiente no passado, pode ter um sentido plural nos dias de hoje.




Por exemplo, dizer que Jesus Cristo é o Senhor já foi suficiente para saber se alguém é crente ou não, mas hoje está patente que essa frase pode ser dita sem qualquer recato, o que nos faz compreender as palavras finais de Jesus no monte: “muitos naquele dirão: Senhor, Senhor... e eu lhes direi: nunca vos conheci, apartai-vos de mim”.




Entretanto, uma das mais antigas declarações de fé do Cristianismo é o conhecido Credo Apostólico. Sua origem, apesar do nome, não é do primeiro século, mas recebeu o nome apostólico por causa da tradição dos apóstolos e de confissões proto-credais dos primeiros séculos do Cristianismo.




Como um breve resumo da fé cristã, o credo faz parte dos nossos símbolos de fé, sendo acrescido aos catecismos elaborados pela Assembléia de Westminster para nos ajudar a compreender de forma sucinta e precisa e nos ajudar a responder a pergunta: em Que Nós Cremos?




Analisemos o que diz esse documento e façamos dele a nossa própria declaração de fé fazendo apenas rápidos comentários:




Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do Céu e da terra.

Poderia parecer desnecessária essa afirmação, mas quando vemos nos nossos dias o Teísmo Aberto e muitos ‘crentes’ afirmando que a evolução é algo plausível com a fé cristã, dizer que cremos no Deus Criador – segundo o relato de Gênesis 1 e 2 – se torna realmente fundamental para a nossa fé.
Ele é o Todo-Poderoso, e por isso podemos declará-lo como o nosso Deus, pois pela fé entendemos que o universo foi criado pela Palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem (Hebreus 11:3).




Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu ao Hades; ressurgiu dos mortos ao terceiro dia; subiu ao Céu; está sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso, donde há de vir para julgar os vivos e os mortos.




Depois de Falar do Pai, o Credo se concentra na pessoa do Filho. Certamente o Filho também é o Deus Criador (João 1:1-4, Rom. 11:36), e, segundo nos escreveu alguém, ele é O Deus que se Revela.




O Credo mostra ser ele o único Filho de Deus (João 3:16), mostra que ele é muito mais que nosso Salvador, mas é nosso Senhor (dessa forma sendo o próprio Deus), aquele que existia antes mesmo de Abraão(João 8:58), pois ele é antes de todas as coisas e nele tudo subsiste (Col. 1:17).




Esse Jesus, entretanto, sendo Deus, foi encarnado, como já visto em João 1, mas por obra do Espírito Santo (Divindade); ele nasceu da virgem Maria (Humanidade); a dupla natureza de Cristo é aqui mostrada (Mateus 1:18 em diante).




Também a humilhação e exaltação de Cristo são postos como basilares para a nossa fé. Ele padeceu, foi crucificado, morto e sepultado. É impressionante que isso está sendo dito acerca daquele que é Deus. O detentor de toda glória, o Senhor, é tido como um ser humilhado pela maldita morte de Cruz; mas ele ressurgiu e subiu ao céu, dando mostras que venceu a morte e o inferno pelo seu próprio poder, e de lá virá para julgar vivos e mortos (Fil. 2:5-11).




Além de tudo, ele é o único Redentor, por isso, como único Mediador, está à direita de Deus Pai de onde intercede por nós (I Tim. 2:5; I João 2:1).




Depois o Credo diz: Creio no Espírito Santo; e que declaração importante essa, quando vivemos uma era que não compreende a atuação do Espírito pela e sob a Palavra – da qual é o Autor; e jamais sobre ela, já que ele não pode negar-se a si mesmo (II Tim. 2:13).




O Espírito é aquele que sela nossa salvação (Ef. 1:13,14), que nos convence do pecado, da justiça e do juízo (João 16:8), que irresistivelmente nos chama para crermos em Jesus (Rom. 9:19); na verdade a obra do Espírito é apontar para o Filho, já que ele é o herdeiro de todas as coisas (Lc. 1:35; 3:22; Heb. 1:2).




Cremos mais, diz o Credo, pois cremos na Santa Igreja Universal; na comunhão dos santos; há muitos que podem imaginar ser possível um cristianismo sectário, sozinho, mas a própria palavra ekklesia e a outra koinonia, ambas palavras gregas usadas no Novo Testamento para Igreja (comunhão, Assembléia) e comunhão mostram a real necessidade da congregação e da unidade de pensamento entre os irmãos (Heb. 10:25; Fil. 1:27-2:5).




Para a nossa tranqüilidade no meio de um mundo mal, nós cremos na remissão dos pecados; na ressurreição do corpo; na vida eterna. Essas são promessas mais que preciosas que não podem deixar de ser conseqüência de tudo o que cremos esboçado nesse credo. Porque cremos no Pai, Filho e Espírito Santo de forma Bíblica, podemos nos assegurar da remissão, que veio pelo derramamento do sangue de Jesus (Heb. 9:22 e contexto), no fato que um dia o nosso corpo ressuscitará incorruptível (I Cor. 15) e que viveremos eternamente na glória de Deus (Salmo 23:6; Mat. 25:46; João 3:36 entre tantos outros).




Por toda essa verdade, o Credo termina com a palavra de confirmação; como quem declara: sim, essa é a nossa crença. Por isso estamos dispostos a entregar nossas próprias vidas, e ainda que todo mundo se coloque contra essas afirmações, estaremos dispostos e sofrer as conseqüências daquilo que cremos. Que Ele receba toda Glória, o que também faz parte da nossa crença, Amém.

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