11 de jun. de 2008

Até que Ponto a Bíblia é Suficiente?


Creio que nenhum cristão deixaria de afirmar que a Bíblia é a Palavra infalível, perfeita e autoritativa de Deus e absolutamente suficiente para definir tudo em matéria de fé e de prática na vida. A dúvida é saber até que ponto essa declaração é vivida às últimas conseqüências.

Quando afirmamos que a Bíblia é suficiente para nos guiar em matéria de fé e prática, evocamos um princípio norteador da Reforma Protestante: O Sola Scriptura. O nome latino para (Somente a Escritura) delimita nossa fé na Bíblia, de forma que a base de tudo o que cremos tem essa fonte única e exclusiva.

Ao declarar dessa maneira a suficiência da Bíblia, imediatamente estamos indo de encontro a uma tendência evangélica moderna: a aceitação de novas revelações do Espírito como sendo possíveis nos dias de hoje. Muitos dizem ter sonhos, visões e revelações e ditam o que chamam de palavra de Deus para as vidas de outras pessoas. Creio que essa tendência fere o princípio da suficiência da Palavra de Deus por motivos lógicos e, evidentemente, bíblicos também. Segundo John Owen (renomado exegeta e Pastor do Século XVII), se uma profecia moderna estiver de acordo com a Escritura ela é desnecessária, pois está na Escritura; se não estiver ela é maldição, por ser contrária à Palavra de Deus.

De forma lógica, se há a possibilidade do Espírito se revelar hoje, devemos admitir que a Bíblia torna-se um livro relativo. Se um pastor ou um profeta recebe a Palavra de Deus revelada ainda hoje, qual a necessidade que temos de estudar e aprender a Escritura, uma vez que podemos apenas perguntar ao ‘profeta’ e ele terá uma palavra direta da parte de Deus para resolver o nosso problema pessoal?

Mas gostaria de evocar a Bíblia para defendê-la como a Palavra Final de Deus, impossibilitando qualquer nova manifestação revelativa nos dias de hoje; mas não sem antes deixar de afirmar minha crença absoluta no poder desse Deus absoluto, que, sendo o mesmo ontem, hoje e para sempre, nos proveu com a segurança de sua Revelação.

Podemos citar I Coríntios 13:8-10 que mostra ao estudante da Palavra que quando vier o que é perfeito o que é em parte será aniquilado (v. 10). O que é perfeito é a Palavra de Deus que estava sendo revelada naquele tempo por aquilo que era ‘em parte’, pois, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, passarão, havendo ciência, passará (v. 8).

O Escritor aos Hebreus também foi incisivo em relação ao modo diferente de Deus falar com o seu povo na Antiga e na Nova Aliança. Ele já inicia o seu livro dizendo: Havendo Deus, outrora falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nos últimos dias nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas. Esse Filho é o Verbo (Palavra – logos) de João 1 e é colocado em Hebreus como a ápice e o fim de toda Revelação.

O interessante é que por vezes nos impressionamos com a maneira que Deus falava com homens como Abraão, Moisés e Davi e queremos que Ele faça o mesmo conosco, mas nos esquecemos que eles é que queriam ter o que nós temos: O imenso privilégio de viver após as profecias que eles criam pela fé (esperança das coisas que não se vêem – Hb. 11:1) e nós já temos tão palpável na Bíblia do Senhor.

Por isso, depois de falar desses homens na ‘galeria da fé’ em Hebreus 11, ele faz a declaração final que nos confirma o que acabamos de dizer. Hb. 11:39,40 – Ora, todos esses (Abrãao, os Patriarcas, Moisés, José, etc.) que obtiveram bom testemunho por sua fé não obtiveram contudo a concretização da promessa, por haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados.

Na verdade eles é que gostariam de ter o que nós temos, pois temos tudo o que precisamos. Cristo em nós, a esperança da glória! (Cl. 1:27) Vivamos totalmente contentes com a Revelação de Deus na Escritura. E se alguém vai além dela, que seja anátema (Gl. 1:6-9).

Que nenhum dos leitores seja levado de um lado para o outro por qualquer vento de doutrina, pela artimanha de homens que induzem ao erro, mas sigam a verdade em amor (Ef. 4:14,15). A verdade é a Palavra de Deus, somente. Suficiente!
Pelo Reino de Cristo,

Um comentário:

Ashbel Simonton Vasconcelos disse...

Rev Vitalino, parabéns pelo novo blog, por nos proporcionar este novo canal de pregação fiel da Palavra de Deus.
ab
Simonton